POR QUE NÃO ACABAR LOGO COM TUDO?

13.10.12



Todo ano, milhões de jovens tentam tirar a própria vida. Milhares conseguem. Por causa do aumento do suicídio entre adolescentes, os editores de “Despertai!” acham importante considerar esse assunto. 

“Deixe-me morrer. Sou melhor morto do que vivo.” Quem disse isso? Alguém que não acreditava em Deus? Alguém que havia abandonado a Deus? Alguém abandonado por Deus? Não. Foi Jonas, um homem fiel, mas que estava angustiado.* (Jonas 4:3,Today’s English Version) A Bíblia não diz que Jonas estava prestes a tirar a vida. No entanto, seu apelo desesperado revela um fato importante: às vezes, até mesmo um servo de Deus pode ser dominado pela angústia. — Salmo 34:19. 

Alguns jovens se sentem tão desesperados que não vêem razão para continuar vivendo. Talvez se sintam como Laura,# de 16 anos, que disse: “Por anos, tenho tido freqüentes crises de depressão. Muitas vezes penso em me matar.” Se você conhece alguém que expressou o desejo de se suicidar, ou se você mesmo já pensou nisso, o que pode fazer? Primeiro, vamos analisar em mais detalhes o que leva alguns a ter esse tipo de pensamento. 


POR TRÁS DO DESESPERO

Por que alguém pensaria em tirar a própria vida? Vários fatores podem estar envolvidos. Vivemos em “tempos críticos, difíceis de manejar”, e muitos adolescentes são mais sensíveis às pressões da vida. (2 Timóteo 3:1) Além disso, a imperfeição humana pode fazer com que alguns se entreguem a sentimentos negativos a respeito de si mesmos e do mundo à sua volta. (Romanos 7:22-24) Em certos casos, isso é resultado de maus-tratos. Em outros, pode estar envolvido um problema de saúde. É digno de nota que, em certo país, calcula-se que mais de 90% dos que tiraram a própria vida sofriam de alguma doença mental.% 

É claro que ninguém está livre de problemas. Na verdade, a Bíblia diz que “toda a criação junta persiste em gemer e junta está em dores até agora”. (Romanos 8:22) Isso inclui os jovens. De fato, eles podem ser profundamente afetados por acontecimentos negativos, como: 

· Morte de um parente, amigo ou animal de estimação 
· Problemas familiares 
· Ir mal na escola 
· Fim de um namoro 
· Maus-tratos (incluindo abuso físico ou sexual) 

A verdade é que, mais cedo ou mais tarde, quase todos os jovens se deparam com pelo menos uma das situações acima. Por que uns conseguem lidar melhor com elas do que outros? Segundo especialistas, os jovens que querem desistir de lutar se sentem totalmente desamparados e sem esperança. Em outras palavras, esses jovens acham que não podem fazer nada para melhorar sua situação e não enxergam nenhuma luz no fim do túnel. “Muitas vezes”, disse a Dra. Kathleen McCoy à Despertai!, “esses jovens não querem morrer. Eles só querem acabar com sua dor”. 


SEM SAÍDA?

Talvez conheça alguém que deseja tanto “acabar com sua dor” que expressou vontade de cometer suicídio. Se conhece, o que você pode fazer? 
Se um amigo está deprimido a ponto de querer morrer, insista que ele procure ajuda. Daí, mesmo se ele não quiser que outros saibam, converse com um adulto responsável. Não se preocupe em perder essa amizade. Por contar o assunto a alguém, você mostra que é um “verdadeiro companheiro . . . nascido para quando há aflição”. (Provérbios 17:17) Você pode muito bem estar salvando a vida dessa pessoa! 

E se for você que está pensando em acabar com tudo? “Procure ajuda”, aconselha a Dra. Kathleen. “Conte a alguém como está se sentindo — um de seus pais, um parente, amigo, professor, ministro religioso —, alguém que se importa, que vai levá-lo a sério, escutá-lo e ajudar outras pessoas importantes em sua vida a ouvir o que você precisa dizer.” 

Você não tem nada a perder por falar de seus problemas com alguém. Considere um exemplo bíblico. Jó, um homem justo, disse num momento de sua vida: “Estou cansado de viver.” Mas então acrescentou: “Vou me desabafar e falar da amargura que tenho no coração.” (Jó 10:1, Bíblia na Linguagem de Hoje) Jó estava desesperado e precisava falar de sua dor. Você pode sentir certo alívio por confidenciar seus problemas a um amigo maduro. 

Cristãos que estão deprimidos têm ainda outra fonte de ajuda: os anciãos da congregação. (Tiago 5:14, 15) É claro que só conversar a respeito de seus problemas não fará com que desapareçam. Mas talvez o ajude a ter um conceito equilibrado sobre eles, e o apoio de um confidente pode ser exatamente o que você precisa para achar algumas soluções práticas. 


AS COISAS MUDAM

Ao passar por aflições, lembre-se: não importa o quanto a situação pareça difícil, com o tempo as coisas vão mudar. O salmista Davi, que passou por muitas dificuldades, disse em oração: “Fatiguei-me com o meu suspiro; a noite inteira faço nadar o meu leito; faço transbordar o meu próprio divã com as minhas lágrimas.” (Salmo 6:6) Mas, em outro salmo, ele escreveu: ‘Transformaste o meu lamento em dança.’ — Salmo 30:11. 


O TIPO DE COMUNICAÇÃO MAIS IMPORTANTE É A ORAÇÃO

Davi sabia por experiência própria que os problemas vêm e vão. É verdade que alguns talvez pareçam esmagadores, pelo menos no momento. Mas seja paciente. As coisas mudam, geralmente para melhor. Em certos casos, os problemas podem ser amenizados de maneiras que você nunca teria imaginado. Em outros, você talvez descubra um modo de lidar com eles que não havia pensado antes. O ponto é: problemas aflitivos não continuarão sempre do mesmo jeito. — 2 Coríntios 4:17. 


O VALOR DA ORAÇÃO 

O tipo de comunicação mais importante é a oração. Você pode orar como Davi: “Esquadrinha-me, ó Deus, e conhece meu coração. Examina-me e conhece meus pensamentos inquietantes, e vê se há em mim qualquer caminho penoso, e guia-me no caminho do tempo indefinido.” — Salmo 139:23, 24. 

A oração não é uma simples muleta psicológica. É uma forma de comunicação real com seu Pai celestial, que deseja que você ‘derrame seu coração diante dele’. (Salmo 62:8) Veja as seguintes verdades básicas sobre Deus: 

· Ele sabe das circunstâncias que contribuem para a aflição que você sente. — Salmo 103:14. 
· Ele o conhece melhor do que você mesmo. — 1 João 3:20. 
· ‘Ele cuida de você.’ — 1 Pedro 5:7. 
· Em seu novo mundo, Deus “enxugará dos seus olhos toda lágrima”. — Revelação (Apocalipse) 21:4. 


QUANDO O PROBLEMA ESTÁ NA SAÚDE

Como já mencionado, pensamentos suicidas muitas vezes estão relacionados a alguma doença. Se esse for o caso, não tenha vergonha de procurar ajuda. Jesus reconheceu que os doentes precisam de médico. (Mateus 9:12) A boa notícia é que muitas doenças podem ser tratadas. E o tratamento pode ajudá-lo a se sentir bem melhor. 

A Bíblia promete que, no novo mundo de Deus, “nenhum residente dirá: ‘Estou doente.’” (Isaías 33:24) Enquanto isso, faça seu melhor para lidar com os desafios da vida. Heidi, que mora na Alemanha, fez justamente isso. Ela disse: “Às vezes, minha depressão era tão intensa que eu só queria morrer, mas agora voltei a ter uma vida normal, graças à perseverança em oração e ao tratamento.” O mesmo pode acontecer com você.^ 
* Expressões similares foram feitas por Rebeca, Moisés, Elias e Jó. — Gênesis 25:22; 27:46; Números 11:15; 1 Reis 19:4; Jó 3:21; 14:13. 


PARA VOCÊ PENSAR 

· Dizem que o suicídio não resolve os problemas; só os transfere para outra pessoa. Em que sentido? 
· Com quem você pode conversar se passar por extrema ansiedade? 

Mais artigos da série “Os Jovens Perguntam” podem ser encontrados em www.watchtower.org/ypt 


UMA NOTA PARA OS PAIS 

Em certas partes do mundo, o número de suicídios entre jovens é assustador. Nos Estados Unidos, por exemplo, o suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 25 anos, e nas duas últimas décadas, o índice de suicídio entre os de 10 a 14 anos dobrou. 

Correm maior risco os jovens que têm algum distúrbio mental, os com histórico de suicídio na família e os que já tentaram o suicídio. Os sinais de aviso de que um jovem pode estar pensando em tirar a própria vida incluem: 

· Isolar-se da família e dos amigos 
· Mudança nos hábitos alimentares e de sono 
· Perda de interesse em atividades que gostava de realizar 
· Mudança marcante de personalidade 
· Uso de drogas ou abuso do álcool 
· Desfazer-se de objetos que gostava muito 
· Falar sobre a morte ou ocupar-se com assuntos relacionados com ela 

Conforme a Dra. Kathleen McCoy disse à Despertai!, um dos maiores erros que os pais podem cometer é ignorar esses sinais de aviso. Ela disse: “Nenhum pai ou mãe quer pensar que algo poderia estar errado com seu filho. Então alguns se recusam a admitir que há um problema. Dizem a si mesmos: ‘É uma fase’, ‘Isso vai passar’ ou ‘Ela sempre gostou de fazer drama’. Isso é perigoso. Qualquer indício deve ser levado a sério.” 

Não tenha vergonha de buscar ajuda para seu filho se ele sofre de depressão profunda ou outro distúrbio mental. E se você suspeita que seu filho adolescente está pensando em cometer suicídio, pergunte isso a ele. A idéia de que falar sobre o assunto vai incentivá-lo a cometer suicídio é falsa. Muitos jovens se sentem aliviados quando os pais conversam com eles sobre isso. Então, se seu filho admitir ter pensamentos suicidas, descubra se há algum plano nesse sentido e, se houver, até que ponto é detalhado. Quanto mais detalhado for o plano, com mais urgência você deve agir.* 

Não presuma que a depressão simplesmente vai passar. E se parecer mesmo ter passado, não pense que o problema está resolvido. Alguns especialistas dizem que essa é a fase mais perigosa. Por quê? “Um adolescente que está muito deprimido pode não ter forças para levar avante seus pensamentos suicidas”, diz a Dra. Kathleen. “Mas, quando a depressão passa, o adolescente talvez tenha energia suficiente para cometer o suicídio.” 

Realmente é trágico que, em resultado do desespero, alguns jovens pensem em acabar com a vida. Por estarem atentos aos sinais e agirem logo, os pais e outros adultos que se preocupam com esses jovens podem ‘falar consoladoramente às almas deprimidas’ e ser um refúgio para eles. — 1 Tessalonicenses 5:14. 

* Especialistas também advertem que os medicamentos sob prescrição, que podem ser mortais, e o acesso a armas de fogo carregadas são especialmente perigosos. De acordo com a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio, “apesar de a maioria dos proprietários de armas de fogo afirmar que as mantém em casa para ‘proteção’ ou ‘autodefesa’, 83% das mortes por armas nessas casas são resultado de suicídio, em geral de outra pessoa que não é proprietária da arma”.



Publicado em Despertai! de maio de 2008

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