“PESO DE GLÓRIA”, C.S LEWIS

27.11.12



Trecho do sermão: “Peso de Glória”, de Lewis:

“Se hoje se perguntasse a 20 bons homens que virtude pensam ser a mais elevada, 19 responderiam: Abnegação. Se a pergunta, no entanto, fosse feita a qualquer um dos grandes cristãos da antiguidade, a resposta teria sido: Amor
Percebe o que ocorreu? Um termo negativo foi substituído por um termo positivo, e isso tem mais importância do que uma simples curiosidade filológica. A ideia negativa de Abnegação traz consigo não a proposta central de garantir boas coisas para aos outros [sic], mas a de passarmos sem elas, como se nossa abstinência, não a felicidade do outro, fosse o mais importante. Acredito não ser essa a virtude cristã do Amor. O Novo Testamento tem muito a dizer sobre renúncia, mas não acerca da renúncia como um fim em si mesma. Temos o mandamento de negar-nos (renunciar) a nós mesmos e tomar nossa cruz para poder seguir a Cristo. Além disso, praticamente toda menção ao que vamos encontrar em última instância, se agirmos de acordo com essa ordem, contém um apelo ao desejo. Se na maior parte das mentes modernas oculta-se a noção de que desejar o nosso próprio bem e querer usufruí-lo de fato é algo ruim, eu afirmo que essa noção surge furtivamente com Kant e com os estoicos, e não faz parte da fé cristã.

Na verdade, se analisarmos as audaciosas promessas de galardão e a natureza surpreendente das recompensas prometidas nos Evangelhos, parecia que Nosso Senhor considera nossos desejos não muito fortes, mas muito fracos, isto sim. Somos criaturas sem entusiasmo, brincando feito bobos e inconseqüentes com bebida, sexo e ambições, quando o que se nos oferece é ALEGRIA INFINITA. Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama num cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim de semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco.

Foi algo que me constrangeu: o grande problema conosco é que nos contentamos com muito pouco. Não buscamos o prazer no Senhor com sequer o vigor e a paixão que deveríamos. E então, nos contentamos com bolinhos de areia ao invés de delícias infinitas que o Senhor nos oferece gratuitamente.

Deus tem muito, muito mais Dele para você. Entra no gozo do Seu Senhor. Agora!"

3 comentários

  1. Estes dois últimos parágrafos não constam na versão do livro que estou lendo. O que ocorre?

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    1. Não sei te dizer, pode ser que o livro tenha diferentes traduções

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  2. "Não existe gente "comum". Você nunca falou com um simples mortal. As nações, as culturas, as artes, as civilizações — essas são mortais, e a vida delas está para a nossa como a vida de um mosquito. Mas é com criaturas imortais que brincamos, trabalhamos ou casamos, e a elas que desdenhamos, censuramos ou exploramos — horrores imortais ou esplendores perenes."

    Um ótimo texto sobre um livro fantástico.
    Cheguei até a escrever algo sobre ele em outra oportunidade: https://www.narnianoexistencialista.com/2019/08/voce-ja-leu-o-peso-da-gloria-de-c-s.html
    Meus parabéns!

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