PAULINE BAYNES:A escrita de Lewis em desenhos

23.11.13


Quando se ouve falar em Nárnia, o primeiro nome lembrado é do autor, C.S. Lewis. No entanto, Pauline Baynes tem um papel importante, pois foi responsável por dar vida nos papéis, em forma de ilustrações, as escritas de Jack sobre Nárnia e seus acontecimentos. Por essa razão, vamos conhecer um pouco sobre essa mulher, um pouco sobre sua história, através de um texto publicado no “The Telegraph”, jornal britânico. 


Tradução Equipe Mundo Nárnia.com

Marcelo Ramos e Nathalia Santiago

Pauline Baynes

Ilustradora de livros descoberta por J.R.R. Tolkien, que passou a criar as ilustrações dos livros de C.S. Lewis, Nárnia.

A extensa produção de Pauline Baynes consiste em muitas capas para a Puffin, incluindo "Watership Down" de Richard Adams, além da versão de bolso de "The Hobbit", em 1961.
Pauline Baynes, artista e ilustradora, que faleceu dia 01 de Agosto, com 85 anos, trouxe o mundo de Nárnia de C.S. Lewis e a Terra Média de J.R.R. Tolkien à vida com seus desenhos de linhas soberbas.
Em 1948, Tolkien visitava seus editores, Geoge Allen e Unwin, para discutir algumas artes decepcionates que ele havia encomendado para seu romance “Farmer Giles of Ham” (Mestre Gil de Ham, português), quando ele viu, sobre uma escrivaninha, algumas reinterpretações espirituosas de marginálias medievais para Saltério Luttrell, que os surpreendeu. As mesmas, descobriu-se, haviam sido enviadas aos editores, sob o nome desconhecido de Pauline Baynes.
Tolkien exigia que o criador daqueles desenhos fosse designado a trabalhar nas ilustrações de “Farmer Giles of Ham”, e ficou encantado com os resultados subsequentes, declarando que “Pauline Baynes havia reduzido os seus textos aos desenhos dela”. O aprofundamento na colaboração entre Tolkien e sua ilustradora de Farmer Giles se seguiu para a vida toda, em uma longa amizade.
Durante a guerra, Pauline Baynes trabalhou para a Marinha, e a experiência adquirida, lá estava, quando Tolkien a pediu para ilustrar o mapa da Terra Média. Mais tarde, quando mostrou a ele sua arte para um poster de Frodo e Bilbo, o bolseiro, o autor apenas concordou com a cabeça e murmurou baixinho: “Lá estão eles, lá estão eles.”
O trabalho para Tolkien a levou para ilustrar os livros de Nárnia de C.S. Lewis, embora ele, um dos amigos de Tolkien em Oxford, não fosse tão generoso em relação a seu ilustrador. Para ela, ele elogiava seu trabalho, porém mais tarde Pauline Baynes foi ferida ao saber que Lewis criticava severamente seus desenhos para outras pessoas, contando a seu biógrafo, George Sayer, por exemplo, que ela não sabia desenhar leões.
Anos mais tarde, ela tornou-se consciente de que uma única edição de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa renderia muito mais do que ela havia recedibo pelas ilustrações originais. Ela também incomodava-se com as alegorias Cristãs nas histórias de Nárnia e o fato de estar ligada com Lewis e Tolkien ofuscou sua carreira – no percurso, ela ilustrou mais de 100 livros.

Mapa da Terra Média de "The Hobbit", por P.D. Baynes.
Pauline Diana Baynes nasceu dia 9 de Setembro, 1922 em Hove, East Sussex, apesar de suas lembranças mais antigas em passar a infância na Índia, onde seu pai trabalhava como Comissário do Serviço Civil Indiano, em Agra. Os verões eram passados na estação do Munte Mussoorir, imagens e sons, os quais Pauline se lembrava muito bem aos 80 anos de idade.
Essa vida chegou ao fim quando a mãe de Pauline se recusou seguir a convenção de mandar suas filhas de volta às escolas na Inglaterra, por conta própria. Ao invés disso, ela abandonou o marido (ela escreveu que “ele estava livre para fazer o que quisesse”) e voltou para a casa com as filhas, ficando com amigos nesse tempo de estudo e nos hotéis suíços, durante os feriados.
Infelizmente, nem a solicitude de sua mãe nem a companhia de sua irmã mais velha, Angela, impediram Pauline de ser infeliz. Pelo o resto de sua vida, era assombrada por memórias de pobreza e miséria, por ser, abruptamente, separada de sua Aia Indiana (e de seu macaco de estimação, que era treinado para os acompanhar na mesa de chá), além das lembranças de seguir a viagem de volta pra casa chorando. Passou seus miseráveis dias de escola num convento, onde freiras antipáticas implicavam com sua imaginação estranha, sua destreza manual, sua excentricidade, roupas e capacidade de falar hindi, porém os mesmos dias tornaram-se menos intoleráveis, quando Pauline aprendeu que suas experiências era muito similares as de Rudyard Kipling, cujo trabalho ela sempre admirou.

Sua vida melhorou imensuravelmente quando, aos 15 anos, ela passou dois períodos estudando desenho na Escola de Arte de Farnham, antes de seguir a irmã para Slade, e depois para Oxford. De início, ela sabia que queria ilustrar livros infantis, mas em 1940 seus estudos foram interrompidos pelas demandas dos trabalho de guerra, primeiro para o desenvolvimento do departamento de camuflagem do exército em Farnham Castle, e depois ela desenhou mapas e cartas navais para o Almirantado em Bath.
Ela ficou amiga de Ernest Shepard, ilustrador dos livros “Winnie the Pooh”, que a levou para Londres para mostrar seu portfólio ao editor do “Illustrated London News”. Mas sua grande virada veio em 1948, quando os desenhos do portfólio que ela enviou por acaso para George Allen Unwin foram vistos por Tolkien.
Posteriormente, a extensa produção de Pauline foi criar várias capas para a editora “Puffin Book”, incluindo aquelas para “Richard Adam’s Watership Down” e para a versão em brochura de 1961 de “O Hobbit”. De todas suas ilustrações para livros, ela sentiu que as melhores foram as que ela produziu para “Grant Uden’s Dictionary of Chivalry”, uma magnífica produção que a ocupou por dois anos inteiros, e pela qual foi premiada coma medalha Kate Greenaway em 1968.
Foi assim durante muitos anos desde que sua vida se transformou. Em 1961, aproximando-se dos 40 e após muitos “interessantes e divertidos”, porém falhos, romances (C.S.Lewis a considerou “bonita demais para seu próprio bem”), Pauline Baynes estava vivendo uma vida reclusa em uma cabana com seus cachorros como companhia, quando um ex-prisioneiro de guerra alemão que esteve com o Afrika Korp de Rommel bateu em sua porta.
Passadas poucas semanas do encontro, Fritz Otto Gasch e Pauline Baynes se casaram. ​​Gasch se dava bem com os amigos de Pauline, Tolkien e Shepard (eles se divertiam trocando lembranças da guerra) e ele criou um maravilhoso jardim para sua esposa. Eles até queriam ter filhos, mas não era pra ser, e assim eles permaneceram um casal dedicado até a morte repentina de Gasch, em 1988.
Então, dois anos depois, Pauline Baynes recebeu de repente um telefonema de uma filha de Gasch, de seu casamento pré- guerra. Após a queda da Cortina de Ferro, a filha descobriu que seu pai havia ficado na Inglaterra depois da guerra e que havia se casado novamente. Ela nunca o conheceu, mas ficou encantada ao encontra a mulher que o amou. E então, na velhice, Pauline Baynes descobriu que tinha uma família, afinal. “Foi”, disse ela, “como algo mágico voltando pra mim através de um guarda-roupa”.
Ela continuou a trabalhar todos os dias em uma escrivaninha abaixo de uma janela que dava para o jardim que seu marido havia criado para ela e no qual suas cinzas foram espalhadas. A escrivaninha estaria cheia de tubos de guache pela metade e fileiras de canetas e pincéis desgastados. Música de Handel tocava ao fundo e os cães de Pauline estariam deitados em seus pés.
Seus livros posteriores lutaram para encontrar uma editora ( um bestiário recente encontrou uma editora americana só quando ela concordou em pintar os seios de uma sereia, que foram considerados muito risqué), mas ela não parou de trabalhar. “Recentemente” ela terminou uma versão altamente decorativa do Alcorão, e estava a meio caminho de uma colorida Fábula de Esopo, quando então, morreu.
(Fonte: The Telegraph – 08 de Agosto de 2008)
Pauline e Nárnia
C.S. Lewis intencionava ilustrar suas crônicas por conta própria, mas acabou optando por um ilustrador oficial e Pauline, com apenas vinte anos, e tendo finalizado as ilustrações para Tolkien de “The Hobbit” foi a escolhida por Jack.
Lewis não se preocupava muito com as ilustrações, mas ambicionava algo grandioso. Pauline produziu centenas de desenhos em preto e branco para as sete crônicas e em 1998, coloriu cada uma das ilustrações ( 350, aproximadamente), as quais, atualmente, continuam sendo as oficiais de todos os livros.


As sete crônicas, ilustradas e coloridas por Pauline Baynes.
Apesar de alguns desentendimentos entre Lewis e Baynes, o trabalho de ambos eram tão bem entrosados, que textos e desenhos pareciam ser uma coisa só. A descrição de Jack sobre suas personagens era tão detalhada, que, dificilmente, Pauline o procurava por esclarecimentos. Uma vez, ela o perguntou qual seria a aparência de um paulama e ele a responde: “Desenhe-o como quiser”. Todo o esforço de Lewis e Pauline, hoje, refletem em uma linda coleção de textos, com ilustrações dignas de histórias magníficas.
(Fonte: Wikipédia – adaptado)
Texto: Mundo Nárnia

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