IGREJA: IR OU NÃO?

23.11.14


Foto: Lawrence OP

Estava conversando com alguém sobre igreja (para variar) e me lembrei de uma história envolvendo C. S. Lewis e um velho santo de botas de borracha. Como não conseguia achar essa história em nenhum dos livros do C. S. Lewis que possuo, decidi “googar” por ela e a achei no blog Mere Theology.
C. S. Lewis frequentou a mesma igrejinha durante trinta anos. A experiência não tinha nada de extraordinário a cada semana. A maior parte daqueles anos Lewis não se importava muito com os sermões; ele até mesmo sentava-se atrás de um pilar para que o ministro não visse suas expressões faciais. Ele ía ao culto sem música porque não gostava dos hinos. E saía logo após a comunhão da Ceia provavelmente porque não gostava de se envolver nas conversas com os outros membros depois do culto. Mas a longa obediência numa mesma direção moldou a vida de Lewis de um modo que nada mais poderia.
Uma vez perguntaram para Lewis: “É necessário frequentar um culto ou ser membro de uma comunidade cristã para um modo cristão de vida?”
Sua resposta foi a seguinte: “Esta é uma pergunta que eu não posso responder. Minha própria experiência é que logo que eu me tornei um cristão, cerca de quatorze anos atrás, eu pensava que poderia me virar sozinho, me retirando a meu quarto e lendo teologia, e não frequentava igrejas ou estudos bíblicos; e então mais tarde eu descobri que era o único modo de você agitar sua bandeira; e, naturalmente, eu descobri que isso significava ser um alvo. É extraordinário o quão inconveniente para sua família é você ter que acordar cedo para ir à Igreja. Não importa tanto se você tem que acordar cedo para qualquer outra coisa, mas se você acorda cedo para ir à igreja é algo egoísta de sua parte e você irrita todos na casa. Se há qualquer coisa no ensinamento do Novo Testamento que é na natureza de mandamento, é que você é obrigado a participar do Sacramento e você não pode fazer isso sem ir à igreja. Eu não gostava muito dos seus hinos, os quais eu considerava poemas de quinta categoria com música de sexta categoria. Mas à medida em que eu ia eu vi o grande mérito disso. Eu me vi diante de pessoas diferentes de aparência e educação diferentes, e meu conceito gradualmente começou a se desfazer. Eu percebi que os hinos (os quais eram apenas música de sexta categoria) eram, no entanto, cantados com tamanha devoção e entrega por um velho santo calçando botas de borracha no banco ao lado, e então você percebe que você não está apto sequer para limpar aquelas botas. Isso o liberta de seu conceito solitário.” (C. S. Lewis, God in the Dock, p. 61-62)
Texto: Sandro Baggio

3 comentários

  1. Nossa! Muito profundo. Quantas vezes achamos que podemos seguir nessa caminhada sozinhos? Quantas vezes somos egoístas ao ponto de querermos ficar longe da casa de Deus... Um texto simples que toca o coração! *-*

    princesas-adoradoras.blogspot.com.br

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    1. Não, templo não é a casa de Deus.
      Vamos parar com essa limitação. Deus é Deus.

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  2. Oii!
    Que lindo ese texto, eu não sabia que o Lewis tinha isso por trás em sua vida, me deu muita vontade de conhecer mais sobre o escritor e saber mais de seus pensamentos..
    beijoss
    Sublimar-me

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